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ENTREVISTAS

A memória da cidade

Após a realização dos estudos de caso e da análise da legislação urbana, foi realizada a pesquisa de campo, que se valeu de entrevistas e visitas ao local de estudo. A proposta focou, pois, nos sujeitos, na percepção e na legibilidade dos espaços pelas pessoas, no intuito de entender como se dão os processos de transformação urbana. Objetivou-se identificar a memória coletiva que se transforma após esse processo de mudança dos espaços na cidade ao longo dos anos e, sobretudo, após as intervenções urbanísticas ocorridas no Setor Central.

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Buscamos estabelecer a forma com que as pessoas se conectam e apropriam-se dos espaços públicos do Setor Central, a partir de seus símbolos e marcos, bem como sua importância histórica, cultural e patrimonial. Além de uma análise espacial e/ou ambiental dos espaços públicos do Setor Central, o foco proposto foi primordialmente a relação entre sujeito, memória e lugar. 

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Foi elaborado um roteiro de perguntas cuja questões norteadoras buscaram ser simples e objetivas, norteadas pelos três eixos sujeito, memória e lugar. Em resumo, o roteiro buscou atender às seguintes questões:

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  • Quem é o participante (idade, gênero, profissão, bairro onde mora)?

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  • Qual a relação do participante com o Setor Central?

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  • Qual a frequência e o tipo de uso que o participante faz do Centro? Há quanto tempo?

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  • O participante tem memórias afetivas ligadas ao bairro? Boas, ruins?

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  • Qual a opinião do participante sobre as intervenções urbanas ocorridas?

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  • As intervenções interferiram de alguma maneira em como o participante utiliza o bairro no dia a dia?

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  • O participante já participou de alguma consulta pública sobre as obras?

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  • O que o participante considera patrimônio cultural no Setor Central?

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Presencialmente foram realizadas quatro entrevistas, com moradores do Setor Central, que falaram sobre o dia-a-dia no bairro, sua relação com o Setor Central. Os entrevistados foram:

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Além das entrevistas presenciais, foi aplicado um questionário virtual, que apresentou as mesmas perguntas realizadas durante as entrevistas presencias, porém, adaptadas para que pudessem ser de múltipla escolha e/ou discursivas. Ao todo foram realizadas noventa e três entrevistas no formato remoto, por meio da plataforma Google Forms. 

 

Os dados obtidos nas entrevistas presenciais e por meio do questionário virtual, permitem perceber que o Setor Central pode ser, de fato, um espaço inserido na memória coletiva local – considerando que na amostra de participantes havia pessoas que frequentavam diariamente e outras que não tem convívio com o bairro. Reitera-se que esta pesquisa, enquanto exercício acadêmico, não representa todos os moradores da cidade; para tanto seria necessário que a pesquisa pudesse atingir mais participantes, envolvendo mais pesquisadores e com maior prazo de execução.

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De todo modo, os dados da pesquisa demonstram que o Setor Central é composto por diversas referências culturais, espaços significativos e simbólicos, práticas e modos de saber fazer únicos. Mesmo observando apenas a superfície de elementos socioculturais que compõem o tecido urbano do bairro, a pesquisa constata que Centro enquanto espaço social existe e resiste: o patrimônio cultural local, seja ele material ou imaterial, está presente nas ruas, vielas, becos, teatros, mercados, museus, lojas etc.

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Após a pandemia de COVID-19, ocorrida nos anos de 2020 a 2022, o Setor Central passou a sofrer com efeitos da especulação imobiliária e com o fechamento de diversas lojas e comércios; no cenário atual e, sobretudo com o avanço das obras do BRT, é comum ver mais lojas fechadas do que abertas na Avenida Goiás, por exemplo. Esse processo, intensificado pela pandemia e comum a outras cidades brasileiras, está vinculado também ao sistema socioeconômico no qual nossa sociedade se estabelece. 

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Se as intervenções visam apenas a parte estética e arquitetônica dos espaços, esses novos espaços podem se tornar acessórios a serem agregados a empreendimentos imobiliários, vide o que já acontece atualmente em Goiânia com os parques urbanos. A paisagem urbana e o patrimônio cultural, nesse sentido, se tornam bens de valor agregado ao imóvel. A cultura e o patrimônio cultural urbano se tornam produtos e espetáculos. Todavia, a partir da coleta dos relatos e lembranças dos participantes da pesquisa, os dados produzidos neste relatório podem representar uma forma de desvelar memórias da própria cidade de Goiânia, para além do patrimônio-oficial e do patrimônio-espetáculo.

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Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio PROMEP/UEG

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