Mercado Popular da 74
O Mercado Popular da 74, atualmente denominado “Centro Cultural Mercado Popular da Rua 74 Marília Mendonça”, está localizado na Rua 74, no Setor Central, como pode ser observado no mapa de localização abaixo:

Quando foi inaugurado, em 1953, a região onde está localizado o mercado fazia parte do Bairro Popular, posteriormente anexado ao Setor Central. Em 1987, o mercado passou por uma restauração realizada pela prefeitura municipal por meio da Companhia e Urbanização de Goiânia (Comurg), ocorrida após os acontecimentos do Acidente do Césio 137. . Segundo Araújo (2022):
​
Esse mercado na época da inauguração tinha por finalidade abastecer com produtos alimentícios a comunidade do bairro popular e adjacências com alimentos como: carne, frutas, queijos, verduras, fumo, grãos, calçados, dentre outros produtos. Por vários anos, ele funcionou como forma de garantir aos moradores abastecimento alimentar, porém atualmente mantém pouco comércio de abastecimento de gênero alimentícios. Com o passar dos anos foi agregando funcionalidades de acordo com a necessidade da população, diversificando o comércio de lojas como pastelarias, bares e restaurantes. (ARAUJO, 2022, p. 10)



No ano de 2000 o mercado foi tombado como patrimônio cultural de Goiânia, por meio do Decreto Municipal n.º 1.901, de 26 de setembro de 2000. Quatro anos depois, em 2004, como parte do programa de revitalização do Setor Central elaborado pelo Geocentro, foi feito um projeto de restauração do Mercado Popular, porém não foi executado na época. Já em 2005, o projeto foi retomado pela organização da mostra Casa Cor Goiás e em 2006 a edição anual foi sediada no edifício do mercado.
Após a realização da Casa Cor 2006, em 2007 o espaço físico foi todo revitalizado e preservada a edificação original, sendo aberto para a população. Todavia, conforme o entrevistado Alexandre Perini, que produzia eventos culturais na cidade na época, o Mercado Popular passou a funcionar e ganhou uma agenda fixa de eventos, de fato, apenas em 2010. Nos anos seguintes o mercado seguiu com eventos culturais (figura 15) semanais, como por exemplo o projeto Sons do Mercado (iniciado em 2017 e realizado pela Secult) e o Mercado de Pulgas, organizado pelo arquiteto Alexandre Perini.
​


Em 2018, por meio da Lei nº 10.271 de 05 de novembro, o mercado foi denominado “Centro Cultural Mercado Popular da 74”. No ano seguinte, em 2019, a administração e a manutenção do cadastro atualizado dos permissionários do mercado foram repassadas para a Secult (Secretaria Municipal de Cultura), através do Projeto de Lei Complementar nº 2018/040. Segundo Drummond (2019), a ação teve o apoio da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal Bairro Popular de Goiânia (Aspermerbapo).
Recentemente, por meio da Lei nº 10.840 de 07 de novembro de 2022, o mercado foi rebatizado como “Centro Cultural Mercado Popular da 74 Marília Dias Mendonça, em homenagem à cantora sertaneja que faleceu em 2021. Segundo reportagem feita pelo jornal O Popular em 03/11/2022, a nova mudança de nome foi aprovada pelos comerciantes.
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
​
A renomeação do Mercado Popular com o nome da cantora traz algumas observações: no campo do patrimônio, a ação pode ser compreendida de forma positiva, tendo em vista que geralmente a homenagem em espaços públicos se ergue a “heróis” que reforçam narrativas selecionadas pelos grupos dominantes (ao exemplo da estátua do Bandeirante, localizada na Avenida Goiás, também no Setor Central). Todavia, pode-se questionar a forma como foi feita a renomeação: assim como em outras situações, a ação foi apenas comunicada já de forma aprovada para a comunidade, ou seja, a proposta não foi discutida publicamente com os goianienses, que não participaram do processo de tomadas de decisões que impactam diretamente na comunidade e na cidade.
​
Atualmente o mercado conta com uma agenda de eventos culturais de shows e feiras e segue sendo administrado pela associação de comerciantes locais. No caso do Mercado Popular, a criação de uma agenda cultural fixa é o que propiciou a manutenção do espaço físico e a utilização do mercado pelas pessoas. Todavia, destaca-se também que os eventos trouxeram novos públicos para o mercado, todavia, os custos também foram elevados (restringindo assim pessoas de classes menos favorecidas).
​
Fato exposto, o caso do Mercado Popular reitera a ideia de que uma agenda cultural e de eventos fixas contribui para a permanência e a apropriação do espaço pelas pessoas, sendo um exemplo positivo de revitalização de um espaço público da cidade. De mesmo modo, no mercado também houve a apropriação de símbolos que expressam os anseios da comunidade que vivencia aquele espaço.



ARAUJO, M. D. A hospitalidade no mercado Popular da rua 74 – Goiânia, em tempos de pandemia causadas pela covid-19. Goiânia: Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Gestão dos Serviços de Hospitalidade) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, 2022.
​
DRUMMOND, P. Aprovada transferência da administração do Mercado da 74 para a Secult. Goiânia: Sala de Imprensa da Prefeitura Municipal de Goiânia, notícia veiculada em 04/04/2019. Disponível em: < https://www.goiania.go.leg.br/sala-de-imprensa/noticias/projeto-aprovado-transfere-da-sedetec-para-a-secult-administracao-do-centro-cultural-mercado-popular-da-74>.
​
DRUMMOND, P. Mercado Popular da 74 ganha nova denominação: Centro Cultural. Goiânia: Sala de Imprensa da Prefeitura Municipal de Goiânia, notícia veiculada em 03/10/2018. Disponível em: <https://www.goiania.go.leg.br/sala-de-imprensa/noticias/mercado-popular-da-74-ganha-nova-denominaca o-centro-cultural>.
​
O POPULAR. Conheça o Mercado da 74, local que passou a ter o nome de Marília Mendonça. Goiânia: Jornal O Popular, reportagem veiculada em 03/11/2022. Disponível em: < https://opopular.com.b r/noticias/magazine/conhe%C3%A7a-o-mercado-da-74-local-que-passou-a-ter-o-nome-de-mar%C3%ADlia-mendon%C3%A7a-1.2554009>.